Esta crónica, publicada hoje no Jornal de Notícias, diz muito. É pena que provavelmente fala para o boneco.
A pensar sobre o que aqui se diz. Porque, podemos gastar muito dinheiro com a educação, mas se não apostarmos na qualidade, mas vale investir noutro lado.
Ensinar e aprender
por alice vieira escritora
Leio na revista "Xis" a entrevista da Laurinda Alves ao prof. Sobrinho Simões, e penso como seria bom que todos os professores a lessem, mesmo sem pertencerem à sua especialidade, nem sequer ao seu grau de ensino. Sobretudo quando ele fala da nossa falta de conversa e de argumentação. Os miúdos não discutem, não fazem perguntas, decoram o que é preciso. Afirma ele que, noutros países, os miúdos são educados "a perguntar, a olhar, a resolver problemas, a apalpar, a cheirar. Nós somos muito passivos. (...) Os miúdos não têm de saber os nomes todos das plantas, mas têm de saber quando olham para uma espiga se aquilo é centeio ou trigo". Eu, que passo os meus dias em escolas, bem gostava de encontrar nelas miúdos que interrogassem, que dessem luta, que questionassem - e não se limitassem a ler as perguntas estabelecidas nas aulas pelos professores. Outra coisa que me aflige é quando me apresentam um monte de trabalhos, todos eles rigorosamente iguais. Solícita, a professora explica que "é um trabalho de pesquisa que cada um deles fez na net". Claro que não é. Porque ninguém se deu ao trabalho de lhes explicar o significado da palavra "pesquisa". Aquilo que eles fazem é copiar integralmente o que encontram na net, mesmo que às vezes nem sequer saibam o significado de muitas palavras. O pior é que, para muitos dos professores, isso chega. E sentem-se muito felizes. E quando timidamente lhes digo que aquilo é uma simples cópia, mostram-se quase ofendidos e afirmam que aquilo deu aos miúdos imenso trabalho. Trabalho? Carregar no rato? Einstein dizia que não ensinava nada aos seus alunos, limitando-se a dar-lhes as ferramentas necessárias para eles poderem descobrir as coisas por si próprios. Que bom seria se todos os professores assim pensassem.
Alice Vieira escreve no JN, quinzenalmente, aos domingos
os miúdos não fazem perguntas - decoram o que é preciso
domingo, setembro 04, 2005
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3 comentários:
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E como será o ensino no Liceu Francês ou na Escola Alemã?
A escola deveria abrir horizontes.
O pensamento livre não existe. Somos tratados como ovelhas, não se pede que se pense, apenas que se obedeça.
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