segunda-feira, agosto 29, 2005

Água

Água, uma das coisas na boca de todos este Verão (em vários sentidos).

Uma outra visão, de um grande poeta.

Lição sobre a água

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, base e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

(António Gedeão)

4 comentários:

Anónimo disse...

O António Gedeão faz da Física poesia e tem poemas extraordinários. Gosto particularmente do "Lágrima de preta" e do "Poema para Galileu".

armando s. sousa disse...

O Rómulo de Carvalho é um dos poetas que eu mais admiro em Portugal.
Um abraço.

Anónimo disse...

água, infelizmente um bem cada vez mais escasso!

mfc disse...

Bonito de se lerem os poemas deste professor de Fisica e Química... Rómulo de Carvalho!